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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Italiano




Há uns dias atrás, estava vendo TV e passava uma reportagem sobre Renato Russo.
A repórter dizia que ele tinha sua vida toda traçada. E que também pelo seu poder de persuasão, ditava modas no país.
E comecei a pensar sobre as coisas que a moça falava, e vi que ela tinha toda razão quando narrava aquele fato.
Ele (Renato) não estava apenas satisfeito com a banda resolveu gravar discos solo em dois idiomas: inglês e italiano.
Eu já era fã das músicas da Legião Urbana e da voz forte de Renato Russo.
Sempre tive paixão pelas coisas mais incomuns e como gostava de ouvir o Cd do Renato em italiano já estava no segundo grau, decidi que necessitava de ter no meu currículo pessoal algum curso de idioma. Como nunca fui fã de inglês e nem de espanhol (e a preferência nacional são esses idiomas), resolvi então entrar no curso de italiano.
Parecia que o mundo conspirava a meu favor. Pois fiquei sabendo que tinha aberto vagas para o centro de línguas do IMPARH. Um curso pago (de valor bem acessível), e que tem parceria com Prefeitura de Fortaleza.
Fiz o teste de seleção e passei entre os 10 primeiros da língua italiana.
Enfim começaram as aulas e começou meu aprendizado. Era tudo muito novo, muito bom e também muito divertido. Conheci muitas pessoas e a maioria delas foi se dissipando no decorrer do curso. Pouquíssimas pessoas que iniciaram comigo finalizaram o curso.
Tive uma porção de professores. Todos eles muito bons. Aprendi muito.
Mas... acho que apenas um bom professor não faz de você um bom aluno. Foi então que descobri que precisava muito mais do que apenas o básico que me era fornecido nas aulas de 1 hora que tínhamos, 2 vezes por semana durante 7 semestres. Foi ai que fui buscar novas fontes. A primeira foi a tão querida (pra mim) internet e nas pessoas que conheci através dela.
Entre as pessoas que conheci durante todo o período do curso, três tiveram um destaque especial em minha vida. São elas: Vicente, Rafael e Josiane. Formávamos o quarteto fantástico do curso. Sempre estávamos envolvidos em algum evento, em alguma peça teatral ou alguma festa. Éramos o “grupo oficial” de Tarantella (uma dança típica italiana).  
Essa nossa amizade continua até hoje, mesmo que cada um tenha tomado um rumo diferente em sua vida.
Nunca fui de viver com a cara enfiada em livros pra estudar coisa alguma.
Eu, modéstia a parte sempre tive uma “certa facilidade” em aprender coisas quando eu queria aprender. Mas com o italiano era diferente, eu vivia estudando, aprendendo, me aprimorando... Era algo que queria fazer e principalmente muito bem feito. E a cada dia que passava eu me apaixonava cada vez mais pelo idioma, pelas regras (às vezes) complicadas de gramática. 
Era muito divertido quando pegava ônibus com algum colega ou amigo do curso e íamos conversando em italiano (pra nos aperfeiçoar) e as pessoas sempre ficavam olhando pra gente com umas caras meio engaçadas. Era muito legal, pois não sabíamos o que passava por suas cabeças.
Quando eu estava no quinto semestre, fiquei sabendo que tinha um jeito de eu ir pra Itália de graça e aprender muito mais por lá. Mas não era simples assim como acabei de falar.
Só pra se entender, lá no centro de línguas a partir do quinto semestre de qualquer curso de idioma a pessoa que tivesse interessada poderia se inscrever pra um mini intercambio no país da língua de origem estudada.
Então você ao se inscrever o professor passava uma atividade pra ser realizada. Nisso você iria competir com todas as pessoas que se inscreveram do quinto ao sétimo semestre. Parece meio injusto isso porque pela lógica como uma pessoa do quinto semestre pode ganhar a nível de estudos com uma pessoa do sétimo semestre que está concluindo o curso?
De qualquer modo, como eu me sentia preparada e tinha uma vontade enorme de conhecer a Itália resolvi fazer a minha inscrição.
A minha atividade era: falar em italiano para um grupo de professores sobre a vida atual (da época) que se passava na Itália como população, área territorial, cultura. E também os mesmo dados sobre o meu país. Era um teste completamente oral.
Eu estava com muito medo. Porque havia escutado falar que tinha um rapaz do sétimo semestre que era muito conhecedor do idioma italiano, que já tinha ido pra Itália e que inclusive era arrogante e corrigia até os professores.
Mas mesmo assim, fui em frente. Não desisti.
No dia do meu exame eu estava muito nervosa. Quase não conseguia falar e até chorei na hora. Mas o que importa é que dei uma verdadeira aula e os professores ficaram muito felizes com o meu desempenho. No fim de todas as avaliações passei em primeiro lugar.
Era eu, a pessoa do curso de italiano que iria finalmente conhecer a Itália (pelo menos era assim que pensava).
Enquanto aconteciam esses testes com os alunos do curso de italiano também aconteciam os mesmos testes com os alunos dos outros idiomas.
No final, era escolhido cada um do seu curso e de todos os cursos apenas um iria para o país de língua mãe do seu idioma.
E como foi definido isso?
Injustamente colocaram o nome de cada participante em um papelzinho e foi feito o sorteio. E o meu nome não foi o escolhido.
Pra mim aquilo foi muito decepcionante em vários aspectos. Por falta de informação, pois não sabia que tinha esse sorteio e muito menos quando seria. Fiquei sabendo dias depois que o sorteio tinha acontecido e que meu nome não tinha sido o sorteado.
Eu já tinha falado pra todos os conhecidos dessa competição, eu tinha estudado muito, tinha me preparado de verdade. A vitória para mim era uma coisa já certa. Aquela viagem era minha e de ninguém mais. Todos torciam por mim, principalmente eu mesma.
Fiquei arrasada. Muito decepcionada. Foi um momento muito difícil. Até cheguei a pensar em desistir do curso. Fiquei muito desmotivada.
Acabei mudando depois de turno, ao invés de estudar à tarde, passei a estudar no período da noite.
Fui agraciada com um professor muito legal chamado Marcos. Ele era um seminarista, ou seja, estudava pra ser padre e já tinha passado uma temporada na Itália. Era muito divertido estudar com ele.  
Através do curso de italiano conheci pessoas fantásticas e outras nem tanto. Está tudo guardado nas minhas lembranças. 
Os dias foram passando e acabei concluindo o curso de italiano em dezembro de 2003. Depois de finalizar o curso ainda fiz um semestre pra não perder o vinculo com o curso. Mas a vida da gente todos os dias segue rumos diferente e pra mim ficou muito difícil continuar e acabei desistindo.
Hoje por falta de ter com quem dialogar, já esqueci uma porção de coisas. Mas sei que tem muita gente que me conhece e se orgulha por eu saber falar italiano.
È stato molto buono aver avuto l’oppotunità de impare l’italiano. Sono molto contenta per questo. Baci. Baci. Baci.

    

terça-feira, 13 de novembro de 2012

MINHA QUERIDA AVÓ LETÍCIA



Ontem à noite (31/10/2012) estava eu deitada e pensando em escrever um post sobre uma pessoa tão querida e importante na vida de tantas pessoas e na minha em especial.
Se estou viva hoje (além da vontade de Deus) é  somente por causa dela. Ela foi a única pessoa que realmente acreditou em mim como serzinho humano quando ninguém acreditava.
Foi ela que me levou ao médico quando nasci e também foi ela que não acreditou no primeiro médico quando esse disse pra me levar pra morrer em casa.
Foi ela também que me levou a outro médico e pediu para que este (diante de suas posses) pudesse me salvar. E não foi apenas nesse momento que ela me socorreu levando-me a médicos.
Quando eu era bem pequena, vivia cheia de tumores que nascia em várias partes do corpo. Lembro que doía muito, sofri muito por conta dessas “chagas”. Depois de me levar em outro médico (já grandinha), nunca mais senti coisa alguma em relação a tumores.
Vou ser eternamente grata por essas e por outras atitudes tão louváveis dessa mulher tão linda, tão forte, tão esperta, tão sofrida, tão guerreira e tão inteligente.
Vó Mariquinha, como todos os netos a conheciam. E que eu achava que era seu nome verdadeiro. Só por volta dos 7 anos de idade que descobri que a querida vó Mariquinha não se chamava de fato Mariquinha. Seu verdadeiro nome era Letícia, que significa: Alegria em Latim. Um nome muito apropriado para uma pessoa que me deu tantas alegrias.
Estar perto dela era uma festa sempre!!! Seja porque motivo fosse.
Só pra ficar registrado, não foi apenas em meu “nascimento” que ela me ajudou. Ajudou-me ficando comigo e cuidando de mim (da melhor forma possível) quando meus pais decidiram se separar. Foi pouco tempo eu sei, mas esse pouco tempo foi de uma qualidade incrível.
Quando ela pedia pra pegar seus remédios (que ela tomava diariamente) era festa. Eu me sentia muito especial e importante quando ela me pedia pra fazer esse simples favor.
Muito bom também quando às vezes de tarde no alpendre (normalmente depois do almoço), ela sentava numa cadeira de balanço e pedia pra fazer uns cafunézinhos na cabeça. Às vezes ela mentia pra gente (pra quem fazia o cafuné) que estava cheia de piolhos. Essa era a desculpa pra gente mexer mais ainda nos seus cabelos prateados. Às vezes tinha até disputa pra ver de quem era a vez de fazer o tão esperado cafuné na vó.  
Nessa época a sua casa era cheia de netos. Era uma bagunça organizada só. Era muito legal.
Mesmo quando fui morar em Iguatu, sempre que possível ela ia lá me ver e sempre tinha um carinho a mais escondido na manga pra dar ou nos fins de semana íamos todos pra sua casa e o carinho era muito maior.
Ela ensinou-me a bordar ponto cruz. E graças a isso (ao bordado), hoje sei o que é fazer a mente sair do corpo e depois voltar ao mesmo lugar. Desligar mesmo por alguns poucos instantes.
Ela fazia bordados lindíssimos pra vender ou simplesmente para dar de presente.  
Minha querida avó fazia comidas tão gostosas pra nos alimentar, como: arroz de leite, angu com leite, mungunzá salgado com feijão e pedaços de porco, tapioca, sarrabulho, queijo coalho. Humm... Eram tantas delícias de encher os olhos e o buchinho. Ela também fazia doce de leite. Mas eu não comia muito (não gosto tanto assim de doce de leite).
Ela nos tratava (a todos os netos) como filhos. Não tinha distinção de seus filhos verdadeiros como o Junhão e a Detinha e com a gente. Acredito que éramos “todos iguais” pra ela. Tudo farinha do mesmo saco como se diz por aí. Mesmo que seus netos não tivessem saído de dentro dela como os seus filhos biológicos, éramos todos seus “filhos” de um jeito ou de outro.
Uma vez, quando eu era adolescente e morava já em Fortaleza, fui lá na casa dela, e lá houve um mal entendido e o marido dela me expulsou de sua casa e fui falar com ela, pra saber do que se tratava. Já que ele disse apenas: Saia da minha casa agora, não quero lhe ver nunca mais aqui. E ela me disse chorando: Filha, não sei o que houve, mas, por favor vá embora. Vi tanto carinho naquele pedido e naquelas palavras, que saí de lá sem questionar nada. Depois de um mês eu soube o motivo do desentendimento e o rancor e a mágoa por aquele homem não foi embora nunca mais. Ela existe até hoje dentro de mim. Mas esta é outra historia triste que acredito que não valha à pena comentar.
O fato é que mesmo nos momentos difíceis, ela sempre esteve do meu lado. Mesmo que fosse pedindo pra ir embora de sua casa.
Quando eu tinha 20 anos, minha avó adoeceu. Descobriu-se que a minha querida e amada avó estava doente com câncer no estômago.
Depois que foi descoberto esse mal terrível nela, passou pouco tempo e no dia 04 de outubro de 2001 para sempre, ela nos deixou e eu fiquei muito feliz por isso.
Não pense que sou uma insensível, pois não sou. Vou explicar a minha versão dos fatos para que eu não seja mal compreendida por ficar feliz pela minha querida avó nos deixar.
Quando a minha avó estava já perto de nos deixar, fez uma cirurgia que após abrir não foi feito nada, pois, quando abriram pra tentar remover o câncer que inicialmente era no estômago, os médicos viram que este já tinha se generalizado e só fizeram fechar novamente a sua incisão. E nada foi feito pra finalizar ou aliviar o seu sofrimento. Não foi dito nada pra ela. Ela pensava que tinha feito a cirurgia e que iria se recuperar.
Uma vez fui visitá-la no hospital e ela estava com uma carinha muito triste, parecia estar sentindo muitas dores fortes e de dois tipos. A primeira de ordem fisiológica e a segunda de ordem psicológica e moral.
Depois de ver aquela cena uma parte de mim parecia morrer um pouco. Pois nem em meus piores pesadelos pensei que fosse ver aquela cena.
Foi então que decidi conversar bem baixinho com Deus e fiz um pedido muito especial pra ele: Deus, por favor leve a minha querida vozinha pra um lugar bem especial e leve-a pra um local bem longe desse sofrimento e se possível, pra bem pertinho do Senhor. Certamente, todas as pessoas que a amam vão ficar triste, mas posso assegurar que pelo menos pra mim a tristeza vai ser muito menor saber que ela não estará mais aqui comigo, mas a felicidade será imensa por ver e saber que ela não sentirá mais nenhum tipo de dor.
Pensando assim, não me vejo jamais como uma pessoa egoísta. Pois egoísmo eu sentiria se... eu a quisesse a todo custo perto de mim, sofrendo o tanto o que ela estava sofrendo.
Não me senti mal e nem me sinto mal hoje por ter pedido isso a Deus. Ao contrário, me sinto muito feliz por ele ter atendido tão prontamente ao meu pedido.
Depois que ela se foi, todos estavam muito tristes. Só eu estava feliz (pelo menos parte de mim). Não me sinto culpada por isso. Eu amava tanto, tanto, tanto a minha avó que estava feliz por ela ter partido e deixado de sofrer. E agradecida por ter tido a oportunidade de ter vivido tantos momentos bons e ótimos ao seu lado.
Existem pessoas que me chamam hoje de coração de pedra, de criatura sem coração, e de muitas coisas ruins. Mas entendo que isso é só um disfarce dessas pessoas, pois, é  nessas horas difíceis que essas pessoas vêem até a mim e inconscientemente me chama de rocha. Porque no fim das contas sou eu quem cuida da praticidade e dá apoio a essas pessoas. Tem sido assim sempre que morre algum parente, ou alguém querido. 
Mas tenho uma coisa a dizer pra essas pessoas que acham que eu sou uma rocha sem coração: Eu tenho coração sim. Este meu coração é um músculo pulsante e involuntário como o de todas as outras pessoas, que tem sentimentos e que são muito fortes.
Mas nas horas difíceis e de dor, não posso, não quero e não vou ser egoísta como a maioria das pessoas, que só pensam em sua única dor, que não pensam de verdade na dor de quem realmente está sofrendo.
Minha avó Mariquinha/Letícia sempre vai estar  em meu coração, nas minhas lembranças e em meus pensamentos.
Queria e desejei muito que a minha preciosa avó  estivesse junto de mim quando a minha amada filha nasceu. Tenho certeza de que não teria tido ou não teria passado pelos problemas que passei estando junto dela. Mas a gente não tem tudo o que quer, não é mesmo?!!
E por isso, no fim das contas eu devo dizer: minha querida Avó, sempre será a minha doce e maravilhosa Heroína.
Obrigada minha avó amada por ter acreditado em mim, quando ninguém acreditava. Sou muito feliz por Deus ter me dado o direito de ter tido a senhora na minha vida por longos 20 anos.

Italiano




Há uns dias atrás, estava vendo TV e passava uma reportagem sobre Renato Russo.
A repórter dizia que ele tinha sua vida toda traçada. E que também pelo seu poder de persuasão, ditava modas no país.
E comecei a pensar sobre as coisas que a moça falava, e vi que ela tinha toda razão quando narrava aquele fato.
Ele (Renato) não estava apenas satisfeito com a banda resolveu gravar discos solo em dois idiomas: inglês e italiano.
Eu já era fã das músicas da Legião Urbana e da voz forte de Renato Russo.
Sempre tive paixão pelas coisas mais incomuns e como gostava de ouvir o Cd do Renato em italiano já estava no segundo grau, decidi que necessitava de ter no meu currículo pessoal algum curso de idioma. Como nunca fui fã de inglês e nem de espanhol (e a preferência nacional são esses idiomas), resolvi então entrar no curso de italiano.
Parecia que o mundo conspirava a meu favor. Pois fiquei sabendo que tinha aberto vagas para o centro de línguas do IMPARH. Um curso pago (de valor bem acessível), e que tem parceria com Prefeitura de Fortaleza.
Fiz o teste de seleção e passei entre os 10 primeiros da língua italiana.
Enfim começaram as aulas e começou meu aprendizado. Era tudo muito novo, muito bom e também muito divertido. Conheci muitas pessoas e a maioria delas foi se dissipando no decorrer do curso. Pouquíssimas pessoas que iniciaram comigo finalizaram o curso.
Tive uma porção de professores. Todos eles muito bons. Aprendi muito.
Mas... acho que apenas um bom professor não faz de você um bom aluno. Foi então que descobri que precisava muito mais do que apenas o básico que me era fornecido nas aulas de 1 hora que tínhamos, 2 vezes por semana durante 7 semestres. Foi ai que fui buscar novas fontes. A primeira foi a tão querida (pra mim) internet e nas pessoas que conheci através dela.
Entre as pessoas que conheci durante todo o período do curso, três tiveram um destaque especial em minha vida. São elas: Vicente, Rafael e Josiane. Formávamos o quarteto fantástico do curso. Sempre estávamos envolvidos em algum evento, em alguma peça teatral ou alguma festa. Éramos o “grupo oficial” de Tarantella (uma dança típica italiana).  
Essa nossa amizade continua até hoje, mesmo que cada um tenha tomado um rumo diferente em sua vida.
Nunca fui de viver com a cara enfiada em livros pra estudar coisa alguma.
Eu, modéstia a parte sempre tive uma “certa facilidade” em aprender coisas quando eu queria aprender. Mas com o italiano era diferente, eu vivia estudando, aprendendo, me aprimorando... Era algo que queria fazer e principalmente muito bem feito. E a cada dia que passava eu me apaixonava cada vez mais pelo idioma, pelas regras (às vezes) complicadas de gramática. 
Era muito divertido quando pegava ônibus com algum colega ou amigo do curso e íamos conversando em italiano (pra nos aperfeiçoar) e as pessoas sempre ficavam olhando pra gente com umas caras meio engaçadas. Era muito legal, pois não sabíamos o que passava por suas cabeças.
Quando eu estava no quinto semestre, fiquei sabendo que tinha um jeito de eu ir pra Itália de graça e aprender muito mais por lá. Mas não era simples assim como acabei de falar.
Só pra se entender, lá no centro de línguas a partir do quinto semestre de qualquer curso de idioma a pessoa que tivesse interessada poderia se inscrever pra um mini intercambio no país da língua de origem estudada.
Então você ao se inscrever o professor passava uma atividade pra ser realizada. Nisso você iria competir com todas as pessoas que se inscreveram do quinto ao sétimo semestre. Parece meio injusto isso porque pela lógica como uma pessoa do quinto semestre pode ganhar a nível de estudos com uma pessoa do sétimo semestre que está concluindo o curso?
De qualquer modo, como eu me sentia preparada e tinha uma vontade enorme de conhecer a Itália resolvi fazer a minha inscrição.
A minha atividade era: falar em italiano para um grupo de professores sobre a vida atual (da época) que se passava na Itália como população, área territorial, cultura. E também os mesmo dados sobre o meu país. Era um teste completamente oral.
Eu estava com muito medo. Porque havia escutado falar que tinha um rapaz do sétimo semestre que era muito conhecedor do idioma italiano, que já tinha ido pra Itália e que inclusive era arrogante e corrigia até os professores.
Mas mesmo assim, fui em frente. Não desisti.
No dia do meu exame eu estava muito nervosa. Quase não conseguia falar e até chorei na hora. Mas o que importa é que dei uma verdadeira aula e os professores ficaram muito felizes com o meu desempenho. No fim de todas as avaliações passei em primeiro lugar.
Era eu, a pessoa do curso de italiano que iria finalmente conhecer a Itália (pelo menos era assim que pensava).
Enquanto aconteciam esses testes com os alunos do curso de italiano também aconteciam os mesmos testes com os alunos dos outros idiomas.
No final, era escolhido cada um do seu curso e de todos os cursos apenas um iria para o país de língua mãe do seu idioma.
E como foi definido isso?
Injustamente colocaram o nome de cada participante em um papelzinho e foi feito o sorteio. E o meu nome não foi o escolhido.
Pra mim aquilo foi muito decepcionante em vários aspectos. Por falta de informação, pois não sabia que tinha esse sorteio e muito menos quando seria. Fiquei sabendo dias depois que o sorteio tinha acontecido e que meu nome não tinha sido o sorteado.
Eu já tinha falado pra todos os conhecidos dessa competição, eu tinha estudado muito, tinha me preparado de verdade. A vitória para mim era uma coisa já certa. Aquela viagem era minha e de ninguém mais. Todos torciam por mim, principalmente eu mesma.
Fiquei arrasada. Muito decepcionada. Foi um momento muito difícil. Até cheguei a pensar em desistir do curso. Fiquei muito desmotivada.
Acabei mudando depois de turno, ao invés de estudar à tarde, passei a estudar no período da noite.
Fui agraciada com um professor muito legal chamado Marcos. Ele era um seminarista, ou seja, estudava pra ser padre e já tinha passado uma temporada na Itália. Era muito divertido estudar com ele.  
Através do curso de italiano conheci pessoas fantásticas e outras nem tanto. Está tudo guardado nas minhas lembranças. 
Os dias foram passando e acabei concluindo o curso de italiano em dezembro de 2003. Depois de finalizar o curso ainda fiz um semestre pra não perder o vinculo com o curso. Mas a vida da gente todos os dias segue rumos diferente e pra mim ficou muito difícil continuar e acabei desistindo.
Hoje por falta de ter com quem dialogar, já esqueci uma porção de coisas. Mas sei que tem muita gente que me conhece e se orgulha por eu saber falar italiano.
È stato molto buono aver avuto l’oppotunità de impare l’italiano. Sono molto contenta per questo. Baci. Baci. Baci.

    

MINHA QUERIDA AVÓ LETÍCIA



Ontem à noite (31/10/2012) estava eu deitada e pensando em escrever um post sobre uma pessoa tão querida e importante na vida de tantas pessoas e na minha em especial.
Se estou viva hoje (além da vontade de Deus) é  somente por causa dela. Ela foi a única pessoa que realmente acreditou em mim como serzinho humano quando ninguém acreditava.
Foi ela que me levou ao médico quando nasci e também foi ela que não acreditou no primeiro médico quando esse disse pra me levar pra morrer em casa.
Foi ela também que me levou a outro médico e pediu para que este (diante de suas posses) pudesse me salvar. E não foi apenas nesse momento que ela me socorreu levando-me a médicos.
Quando eu era bem pequena, vivia cheia de tumores que nascia em várias partes do corpo. Lembro que doía muito, sofri muito por conta dessas “chagas”. Depois de me levar em outro médico (já grandinha), nunca mais senti coisa alguma em relação a tumores.
Vou ser eternamente grata por essas e por outras atitudes tão louváveis dessa mulher tão linda, tão forte, tão esperta, tão sofrida, tão guerreira e tão inteligente.
Vó Mariquinha, como todos os netos a conheciam. E que eu achava que era seu nome verdadeiro. Só por volta dos 7 anos de idade que descobri que a querida vó Mariquinha não se chamava de fato Mariquinha. Seu verdadeiro nome era Letícia, que significa: Alegria em Latim. Um nome muito apropriado para uma pessoa que me deu tantas alegrias.
Estar perto dela era uma festa sempre!!! Seja porque motivo fosse.
Só pra ficar registrado, não foi apenas em meu “nascimento” que ela me ajudou. Ajudou-me ficando comigo e cuidando de mim (da melhor forma possível) quando meus pais decidiram se separar. Foi pouco tempo eu sei, mas esse pouco tempo foi de uma qualidade incrível.
Quando ela pedia pra pegar seus remédios (que ela tomava diariamente) era festa. Eu me sentia muito especial e importante quando ela me pedia pra fazer esse simples favor.
Muito bom também quando às vezes de tarde no alpendre (normalmente depois do almoço), ela sentava numa cadeira de balanço e pedia pra fazer uns cafunézinhos na cabeça. Às vezes ela mentia pra gente (pra quem fazia o cafuné) que estava cheia de piolhos. Essa era a desculpa pra gente mexer mais ainda nos seus cabelos prateados. Às vezes tinha até disputa pra ver de quem era a vez de fazer o tão esperado cafuné na vó.  
Nessa época a sua casa era cheia de netos. Era uma bagunça organizada só. Era muito legal.
Mesmo quando fui morar em Iguatu, sempre que possível ela ia lá me ver e sempre tinha um carinho a mais escondido na manga pra dar ou nos fins de semana íamos todos pra sua casa e o carinho era muito maior.
Ela ensinou-me a bordar ponto cruz. E graças a isso (ao bordado), hoje sei o que é fazer a mente sair do corpo e depois voltar ao mesmo lugar. Desligar mesmo por alguns poucos instantes.
Ela fazia bordados lindíssimos pra vender ou simplesmente para dar de presente.  
Minha querida avó fazia comidas tão gostosas pra nos alimentar, como: arroz de leite, angu com leite, mungunzá salgado com feijão e pedaços de porco, tapioca, sarrabulho, queijo coalho. Humm... Eram tantas delícias de encher os olhos e o buchinho. Ela também fazia doce de leite. Mas eu não comia muito (não gosto tanto assim de doce de leite).
Ela nos tratava (a todos os netos) como filhos. Não tinha distinção de seus filhos verdadeiros como o Junhão e a Detinha e com a gente. Acredito que éramos “todos iguais” pra ela. Tudo farinha do mesmo saco como se diz por aí. Mesmo que seus netos não tivessem saído de dentro dela como os seus filhos biológicos, éramos todos seus “filhos” de um jeito ou de outro.
Uma vez, quando eu era adolescente e morava já em Fortaleza, fui lá na casa dela, e lá houve um mal entendido e o marido dela me expulsou de sua casa e fui falar com ela, pra saber do que se tratava. Já que ele disse apenas: Saia da minha casa agora, não quero lhe ver nunca mais aqui. E ela me disse chorando: Filha, não sei o que houve, mas, por favor vá embora. Vi tanto carinho naquele pedido e naquelas palavras, que saí de lá sem questionar nada. Depois de um mês eu soube o motivo do desentendimento e o rancor e a mágoa por aquele homem não foi embora nunca mais. Ela existe até hoje dentro de mim. Mas esta é outra historia triste que acredito que não valha à pena comentar.
O fato é que mesmo nos momentos difíceis, ela sempre esteve do meu lado. Mesmo que fosse pedindo pra ir embora de sua casa.
Quando eu tinha 20 anos, minha avó adoeceu. Descobriu-se que a minha querida e amada avó estava doente com câncer no estômago.
Depois que foi descoberto esse mal terrível nela, passou pouco tempo e no dia 04 de outubro de 2001 para sempre, ela nos deixou e eu fiquei muito feliz por isso.
Não pense que sou uma insensível, pois não sou. Vou explicar a minha versão dos fatos para que eu não seja mal compreendida por ficar feliz pela minha querida avó nos deixar.
Quando a minha avó estava já perto de nos deixar, fez uma cirurgia que após abrir não foi feito nada, pois, quando abriram pra tentar remover o câncer que inicialmente era no estômago, os médicos viram que este já tinha se generalizado e só fizeram fechar novamente a sua incisão. E nada foi feito pra finalizar ou aliviar o seu sofrimento. Não foi dito nada pra ela. Ela pensava que tinha feito a cirurgia e que iria se recuperar.
Uma vez fui visitá-la no hospital e ela estava com uma carinha muito triste, parecia estar sentindo muitas dores fortes e de dois tipos. A primeira de ordem fisiológica e a segunda de ordem psicológica e moral.
Depois de ver aquela cena uma parte de mim parecia morrer um pouco. Pois nem em meus piores pesadelos pensei que fosse ver aquela cena.
Foi então que decidi conversar bem baixinho com Deus e fiz um pedido muito especial pra ele: Deus, por favor leve a minha querida vozinha pra um lugar bem especial e leve-a pra um local bem longe desse sofrimento e se possível, pra bem pertinho do Senhor. Certamente, todas as pessoas que a amam vão ficar triste, mas posso assegurar que pelo menos pra mim a tristeza vai ser muito menor saber que ela não estará mais aqui comigo, mas a felicidade será imensa por ver e saber que ela não sentirá mais nenhum tipo de dor.
Pensando assim, não me vejo jamais como uma pessoa egoísta. Pois egoísmo eu sentiria se... eu a quisesse a todo custo perto de mim, sofrendo o tanto o que ela estava sofrendo.
Não me senti mal e nem me sinto mal hoje por ter pedido isso a Deus. Ao contrário, me sinto muito feliz por ele ter atendido tão prontamente ao meu pedido.
Depois que ela se foi, todos estavam muito tristes. Só eu estava feliz (pelo menos parte de mim). Não me sinto culpada por isso. Eu amava tanto, tanto, tanto a minha avó que estava feliz por ela ter partido e deixado de sofrer. E agradecida por ter tido a oportunidade de ter vivido tantos momentos bons e ótimos ao seu lado.
Existem pessoas que me chamam hoje de coração de pedra, de criatura sem coração, e de muitas coisas ruins. Mas entendo que isso é só um disfarce dessas pessoas, pois, é  nessas horas difíceis que essas pessoas vêem até a mim e inconscientemente me chama de rocha. Porque no fim das contas sou eu quem cuida da praticidade e dá apoio a essas pessoas. Tem sido assim sempre que morre algum parente, ou alguém querido. 
Mas tenho uma coisa a dizer pra essas pessoas que acham que eu sou uma rocha sem coração: Eu tenho coração sim. Este meu coração é um músculo pulsante e involuntário como o de todas as outras pessoas, que tem sentimentos e que são muito fortes.
Mas nas horas difíceis e de dor, não posso, não quero e não vou ser egoísta como a maioria das pessoas, que só pensam em sua única dor, que não pensam de verdade na dor de quem realmente está sofrendo.
Minha avó Mariquinha/Letícia sempre vai estar  em meu coração, nas minhas lembranças e em meus pensamentos.
Queria e desejei muito que a minha preciosa avó  estivesse junto de mim quando a minha amada filha nasceu. Tenho certeza de que não teria tido ou não teria passado pelos problemas que passei estando junto dela. Mas a gente não tem tudo o que quer, não é mesmo?!!
E por isso, no fim das contas eu devo dizer: minha querida Avó, sempre será a minha doce e maravilhosa Heroína.
Obrigada minha avó amada por ter acreditado em mim, quando ninguém acreditava. Sou muito feliz por Deus ter me dado o direito de ter tido a senhora na minha vida por longos 20 anos.

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