Há uns dias atrás, estava vendo TV e passava uma reportagem
sobre Renato Russo.
A repórter dizia que ele tinha sua vida toda traçada. E que
também pelo seu poder de persuasão, ditava modas no país.
E comecei a pensar sobre as coisas que a moça falava, e vi que
ela tinha toda razão quando narrava aquele fato.
Ele (Renato) não
estava apenas satisfeito com a banda resolveu gravar discos solo em dois
idiomas: inglês e italiano.
Eu já era fã das músicas da Legião Urbana e da voz
forte de Renato Russo.
Sempre tive paixão pelas coisas mais incomuns e como gostava de
ouvir o Cd do Renato em italiano já estava no segundo grau, decidi que
necessitava de ter no meu currículo pessoal algum curso de idioma. Como nunca
fui fã de inglês e nem de espanhol (e a preferência nacional são esses
idiomas), resolvi então entrar no curso de italiano.
Parecia que o mundo conspirava a meu favor. Pois fiquei sabendo
que tinha aberto vagas para o centro de línguas do IMPARH. Um curso pago (de
valor bem acessível), e que tem parceria com Prefeitura de Fortaleza.
Fiz o teste de seleção e passei entre os 10 primeiros da língua
italiana.
Enfim começaram as aulas e começou meu aprendizado. Era tudo
muito novo, muito bom e também muito divertido. Conheci muitas pessoas e a
maioria delas foi se dissipando no decorrer do curso. Pouquíssimas pessoas que
iniciaram comigo finalizaram o curso.
Tive uma porção de professores. Todos eles muito bons. Aprendi
muito.
Mas... acho que apenas um bom professor não faz de você um
bom aluno. Foi então que descobri que precisava muito mais do que apenas o
básico que me era fornecido nas aulas de 1 hora que tínhamos, 2 vezes por
semana durante 7 semestres. Foi ai que fui buscar novas fontes. A primeira foi
a tão querida (pra mim) internet e nas pessoas que conheci através dela.
Entre as pessoas que conheci durante todo o período do curso,
três tiveram um destaque especial em minha vida. São elas: Vicente, Rafael e
Josiane. Formávamos o quarteto fantástico do curso. Sempre estávamos envolvidos
em algum evento, em alguma peça teatral ou alguma festa. Éramos o “grupo
oficial” de Tarantella (uma dança típica italiana).
Essa nossa amizade continua até hoje, mesmo que cada um
tenha tomado um rumo diferente em sua vida.
Nunca fui de viver com a cara enfiada em livros pra estudar
coisa alguma.
Eu, modéstia a parte sempre tive uma “certa facilidade” em
aprender coisas quando eu queria aprender. Mas com o italiano era diferente, eu
vivia estudando, aprendendo, me aprimorando... Era algo que queria fazer e
principalmente muito bem feito. E a cada dia que passava eu me apaixonava cada
vez mais pelo idioma, pelas regras (às vezes) complicadas de gramática.
Era muito
divertido quando pegava ônibus com algum colega ou amigo do curso e íamos
conversando em italiano (pra nos aperfeiçoar) e as pessoas sempre ficavam
olhando pra gente com umas caras meio engaçadas. Era muito legal, pois não sabíamos
o que passava por suas cabeças.
Quando eu estava no quinto semestre, fiquei sabendo que tinha um
jeito de eu ir pra Itália de graça e aprender muito mais por lá. Mas não era
simples assim como acabei de falar.
Só pra se entender, lá no centro de línguas a partir
do quinto semestre de qualquer curso de idioma a pessoa que tivesse interessada
poderia se inscrever pra um mini intercambio no país da língua de origem
estudada.
Então você ao se inscrever o professor passava uma
atividade pra ser realizada. Nisso você iria competir com todas as
pessoas que se inscreveram do quinto ao sétimo semestre. Parece meio injusto
isso porque pela lógica como uma pessoa do quinto semestre pode ganhar a nível
de estudos com uma pessoa do sétimo semestre que está concluindo o curso?
De qualquer modo, como eu me sentia preparada e tinha uma
vontade enorme de conhecer a Itália resolvi fazer a minha inscrição.
A minha atividade era: falar em italiano para um grupo de
professores sobre a vida atual (da época) que se passava na Itália como
população, área territorial, cultura. E também os mesmo dados sobre o meu país.
Era um teste completamente oral.
Eu estava com muito medo. Porque havia escutado falar que tinha
um rapaz do sétimo semestre que era muito conhecedor do idioma italiano, que já
tinha ido pra Itália e que inclusive era arrogante e corrigia até os
professores.
Mas mesmo assim, fui em frente. Não desisti.
No dia do meu exame eu estava muito nervosa. Quase não conseguia
falar e até chorei na hora. Mas o que importa é que dei uma verdadeira
aula e os professores ficaram muito felizes com o meu desempenho. No fim de
todas as avaliações passei em primeiro lugar.
Era eu, a pessoa do curso de italiano que iria finalmente
conhecer a Itália (pelo menos era assim que pensava).
Enquanto aconteciam esses testes com os alunos do curso de
italiano também aconteciam os mesmos testes com os alunos dos outros idiomas.
No final, era escolhido cada um do seu curso e de todos os
cursos apenas um iria para o país de língua mãe do seu idioma.
E como foi definido isso?
Injustamente colocaram o nome de cada participante em um
papelzinho e foi feito o sorteio. E o meu nome não foi o escolhido.
Pra mim aquilo foi muito decepcionante em vários aspectos. Por
falta de informação, pois não sabia que tinha esse sorteio e muito menos quando
seria. Fiquei sabendo dias depois que o sorteio tinha acontecido e que meu nome
não tinha sido o sorteado.
Eu já tinha falado pra todos os conhecidos dessa
competição, eu tinha estudado muito, tinha me preparado de verdade. A vitória
para mim era uma coisa já certa. Aquela viagem era minha e de ninguém
mais. Todos torciam por mim, principalmente eu mesma.
Fiquei arrasada. Muito decepcionada. Foi um momento muito
difícil. Até cheguei a pensar em desistir do curso. Fiquei muito
desmotivada.
Acabei mudando depois de turno, ao invés de estudar à tarde,
passei a estudar no período da noite.
Fui agraciada com um professor muito legal chamado Marcos. Ele
era um seminarista, ou seja, estudava pra ser padre e já tinha passado uma
temporada na Itália. Era muito divertido estudar com ele.
Através do curso de italiano conheci pessoas fantásticas e
outras nem tanto. Está tudo guardado nas minhas lembranças.
Os dias foram passando e acabei concluindo o curso de italiano
em dezembro de 2003. Depois de finalizar o curso ainda fiz um semestre pra não
perder o vinculo com o curso. Mas a vida da gente todos os dias segue rumos
diferente e pra mim ficou muito difícil continuar e acabei desistindo.
Hoje por falta de ter com quem dialogar, já esqueci uma
porção de coisas. Mas sei que tem muita gente que me conhece e se orgulha por
eu saber falar italiano.
È stato molto buono aver avuto l’oppotunità de impare
l’italiano. Sono molto contenta per questo. Baci. Baci. Baci.