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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Minha Primeira Infânica


Passei minha primeira infância na casa onde nasci, fiquei lá até os meus 7 anos.
Exatamente até que meus pais decidiram se separar (para a minha sorte hoje e o meu lamento naquele momento).
Logo após o meu nascimento e que pelas circunstâncias de meu próprio nascimento meio diferente, tive problemas e dificuldades pra sobreviver. Por conta disso, minha mãe decidiu então fazer uma promessa religiosa pra que eu me curasse. Caso me curasse, eu teria de vestir roupas verdes por um mês e não poderia cortar meus cabelos até fazer 7 anos e teria que ser na cidade de Canindé-Ce após assistir a celebração de uma missa. Como me curei (ou fui curada) e sobrevivi, tive que pagar a promessa exatamente como foi feita.
Engraçado como ainda me lembro de algumas coisas que lá vivi.
Lembro-me de como foi difícil pra mim, ter de largar a chupeta. Naquela época (eu achava que) era o meu bem mais precioso e que não poderia viver sem ela.
Por varias vezes minha mãe a tirava de mim, escondia em diversos lugares, jogava fora... E eu esperto como era, procurava até achar, e quando não achava fazia coisas que hoje nem consigo acreditar. Eu simplesmente pedia dinheiro ao meu pai pra comprar bombons, e quando ele me dava, eu ia lá e comprava uma nova chupeta.
Minha mãe fala que deixei de chupar chupeta por volta de 2 anos. E fico imaginando hoje a minha filha que tem a mesma idade que eu tinha (e que também estou tentando tirar a chupeta dela) agindo como eu agia.   
Sempre fui uma pessoa desde sempre muito família e muito querida por todos.
Eu era apaixonada pelo meu pai e o tinha ao meu lado (que assim como a chupeta era uma grande riqueza para mim). Ele sempre me levava pra roça, pra cuidar do gado, dos carneiros, das galinhas... Eu tirava leite das vacas e eu era muito jeitosa com relação a esse tipo de atividade do campo.
Tem mais um detalhe que parece horrível e que devo confessar: eu matava animais pequenos. É triste, mas é verdade. Eu os matava de amor. Deixa-me explicar pra não ser confundida com uma assassina comum em série de animais indefesos.
Quando um animal nasce, seja ele o qual for é como uma criança. Não tem imunidade, vai adquirindo com o passar do tempo. Sempre que tinha uma ovelha grávida meu pai já me dava o seu filhote pra criar mesmo antes de ele nascer. Então, quando os bichinhos nasciam, eu fazia a festa e não os largava mais. Ficava agarrada a eles o tempo todo. Botava no braço e ia pra cima e pra baixo. Daí, por conta da falta de imunidade, com todo esse chafurdo que eu fazia, eles acabavam morrendo. E isso, só pra deixar claro, não era um fato isolado. Era muito freqüente. Se fosse o caso, era a cada mês ou a cada semana se fosse possível nascer e morrer tantos bichinhos. Sempre fui muito apegada a amimais pequenos. Já o mesmo não acontecia com bichos grandes como vaca, cavalos, etc.
Minha mãe conta que meu pai me deu um viadinho (tipo o bambi) e que um dia ele acabou morrendo. Não sei se foi porque eu matei ou se por outro motivo, mas ela fala que eu adoeci, que até febre tive, tamanho era o amor que sentia por ele.
Ah... e o meu instinto “serial assassina” não era só com animais não. Uma vez furei minha irmã na perna com uma tesoura e que a mesma ficou lá penduradinha... minha irmã tem a cicatriz até hoje.
Também me lembro do dia em que quebrei minha clavícula. Não sei exatamente que idade tinha, mas me lembro de que subi na cama de meus pais, onde tinha uma rede em cima e fiquei de baixo da rede sobre a cama, fiquei rolando e a cama faltou. Então, eu caí no chão. Tive de passar um mês com o gesso que cobria todo o meu tórax. Só podia tomar banho da cintura pra baixo, e coçava muito, alem de muito quente.
O dia da remoção do gesso foi bem esquisito. Pois, senti a ponta da tesoura em minhas costas, enquanto removiam o gesso. Meu osso felizmente já estava cicatrizado. Minha axila estava quase em carne viva, por conta de o braço ficar em uma posição única e imóvel por tanto tempo. O primeiro banho de verdade após a retirada do gesso foi horrível... lembro-me até hoje daquela água fria correndo pelo meu tórax.    
Esqueci de mencionar um fato muito importante: Desde antes de eu nascer, que era considerada um menino. Naquela época morando onde meus pais moravam e também com as condições financeiras que eles tinham, não se fazia exames pré-natais, ultras sons... Essas coisas tão comuns nos dias de hoje. Então, a sabedoria popular falha diagnosticou que eu seria um menino.
Tudo meu era azul. Roupinhas azuis, manta, porta trecos. E pior, mesmo depois que nasci, minha tia vendo o cordão umbilical, disse que eu era homem. Como pode?
Como para todas as pessoas eu era homem mesmo antes de nascer, depois de nascer por muitas vezes me comportava como um menino. Sempre que possível, seguia meu pai nas roças e lidas da agricultura.
Apesar de por muitas vezes me comportar como menino, eu também me comportava como menina. Brincava de chibiu (é um jogo em que se joga pedrinhas para o ar e pegava com as mãos), de amarelinha, de esconde-esconde. Só não gostava mesmo era de brincar de bonecas. Mas talvez não gostasse por que eu não tinha bonecas pra brincar.
Minha infância foi muito família, sempre tive muito contato com meus pais, irmã, primos, tio e avós.
Enfim, me sentia muito feliz naquela jornada da minha vida e não tenho do que reclamar. Não de nada que eu me lembre enquanto morava no local onde nasci. Assim fica parecendo que o que conto era tudo perfeito. Mas tenho que dizer que não era. Passei por muitas dificuldades quando meus pais viviam juntos... mas no total, da somatória de minhas lembranças eu era bem feliz com o muito (ou pouco do) que eu tinha. La onde vivi eu me sentia livre! E era livre!!!
A vida que tive na minha primeira infância certamente é muito diferente da que a maioria das crianças tem hoje. Mesmo as que das que moram em sítios como eu morava. Sim, é verdade que eu não tinha contato com gente. Mas tinha muito contato com os bichos e com a natureza.
De acordo com a foto de satélite que está no primeiro post onde relato o evento do meu nascimento, nota-se que não tínhamos vizinhos próximos. Apesar dos pesares morávamos “próximos” dos meus avós e tios. Mas, o próximo que falo tinha-se que passar por uma pequena mata e atravessar um riacho (que passava muito tempo vazio). Como sempre fui muito ativa, não parava quieta nem um instante. Ás vezes, para ir à casa dos meus avós (ou voltar de lá) minha mãe usava de alguns de recursos meio assustadores pra mim naquela época. Como tínhamos que passar por uma “mata”, e lá lógico que tinham bichos e pássaros. Então, quando as avoantes (é uma pomba campestre) cantavam, minha mãe me assustava. Dizia que era um bicho e eu morria de medo.
Como se sabe que: um som, um gosto, um cheiro... a gente guarda pra sempre em nossa memória. Hoje onde moro tem ninhos dessas avoantes e quando elas cantam, tenho uma sensação ruim e sempre penso: meu Deus, como pode a alegria de uns pode ser a tristeza de outros?! Essa ave cantando feliz da vida e eu me sentindo mal pela sua felicidade. Mas o que posso fazer se é assim que me sinto??
...
Ah... e de acordo com o que se tinha de fato naquela época a níveis culinários, meu prato preferido era: angu com leite (mingau feito de massa de milho pré - cozida) e arroz de leite com leite. Comia até encher o buxinho, como dizia minha mãe. Mas não me livrava de beber um ovinho de galinha caipira cru com mel (o que eu achava uma delicia) e também raspa de rapadura com leite. Eu era forte e saudável comendo todas essa guloseimas. Nada das coisas industrializadas como se tem muito nos dias de hoje.
Quando eu era bem pequena, nascia em mim uns tumores por todo o corpo que me fazia sofrer muito. E como não tínhamos tantos recursos assim, eu não ia a médicos. Isso durou muito tempo. Um dia, mais uma vez a minha saudosa avó Letícia, me levou ao médico e este passou um medicamento pra eu tomar e esses tumores nunca mais apareceram.     
...
Lembro-me dos primeiros momentos em que estava aprendendo a ler. Lia tudo o que tinha pela frente, era uma graça... e também queria que todo mundo soubesse o quanto eu era inteligente só porque com aquela idade, já sabia ler
Depois dos meus 7 anos, meus pais se separaram e tudo mudou... mas isso será historia pra ser contada em um outro post.


Minha Primeira Infânica


Passei minha primeira infância na casa onde nasci, fiquei lá até os meus 7 anos.
Exatamente até que meus pais decidiram se separar (para a minha sorte hoje e o meu lamento naquele momento).
Logo após o meu nascimento e que pelas circunstâncias de meu próprio nascimento meio diferente, tive problemas e dificuldades pra sobreviver. Por conta disso, minha mãe decidiu então fazer uma promessa religiosa pra que eu me curasse. Caso me curasse, eu teria de vestir roupas verdes por um mês e não poderia cortar meus cabelos até fazer 7 anos e teria que ser na cidade de Canindé-Ce após assistir a celebração de uma missa. Como me curei (ou fui curada) e sobrevivi, tive que pagar a promessa exatamente como foi feita.
Engraçado como ainda me lembro de algumas coisas que lá vivi.
Lembro-me de como foi difícil pra mim, ter de largar a chupeta. Naquela época (eu achava que) era o meu bem mais precioso e que não poderia viver sem ela.
Por varias vezes minha mãe a tirava de mim, escondia em diversos lugares, jogava fora... E eu esperto como era, procurava até achar, e quando não achava fazia coisas que hoje nem consigo acreditar. Eu simplesmente pedia dinheiro ao meu pai pra comprar bombons, e quando ele me dava, eu ia lá e comprava uma nova chupeta.
Minha mãe fala que deixei de chupar chupeta por volta de 2 anos. E fico imaginando hoje a minha filha que tem a mesma idade que eu tinha (e que também estou tentando tirar a chupeta dela) agindo como eu agia.   
Sempre fui uma pessoa desde sempre muito família e muito querida por todos.
Eu era apaixonada pelo meu pai e o tinha ao meu lado (que assim como a chupeta era uma grande riqueza para mim). Ele sempre me levava pra roça, pra cuidar do gado, dos carneiros, das galinhas... Eu tirava leite das vacas e eu era muito jeitosa com relação a esse tipo de atividade do campo.
Tem mais um detalhe que parece horrível e que devo confessar: eu matava animais pequenos. É triste, mas é verdade. Eu os matava de amor. Deixa-me explicar pra não ser confundida com uma assassina comum em série de animais indefesos.
Quando um animal nasce, seja ele o qual for é como uma criança. Não tem imunidade, vai adquirindo com o passar do tempo. Sempre que tinha uma ovelha grávida meu pai já me dava o seu filhote pra criar mesmo antes de ele nascer. Então, quando os bichinhos nasciam, eu fazia a festa e não os largava mais. Ficava agarrada a eles o tempo todo. Botava no braço e ia pra cima e pra baixo. Daí, por conta da falta de imunidade, com todo esse chafurdo que eu fazia, eles acabavam morrendo. E isso, só pra deixar claro, não era um fato isolado. Era muito freqüente. Se fosse o caso, era a cada mês ou a cada semana se fosse possível nascer e morrer tantos bichinhos. Sempre fui muito apegada a amimais pequenos. Já o mesmo não acontecia com bichos grandes como vaca, cavalos, etc.
Minha mãe conta que meu pai me deu um viadinho (tipo o bambi) e que um dia ele acabou morrendo. Não sei se foi porque eu matei ou se por outro motivo, mas ela fala que eu adoeci, que até febre tive, tamanho era o amor que sentia por ele.
Ah... e o meu instinto “serial assassina” não era só com animais não. Uma vez furei minha irmã na perna com uma tesoura e que a mesma ficou lá penduradinha... minha irmã tem a cicatriz até hoje.
Também me lembro do dia em que quebrei minha clavícula. Não sei exatamente que idade tinha, mas me lembro de que subi na cama de meus pais, onde tinha uma rede em cima e fiquei de baixo da rede sobre a cama, fiquei rolando e a cama faltou. Então, eu caí no chão. Tive de passar um mês com o gesso que cobria todo o meu tórax. Só podia tomar banho da cintura pra baixo, e coçava muito, alem de muito quente.
O dia da remoção do gesso foi bem esquisito. Pois, senti a ponta da tesoura em minhas costas, enquanto removiam o gesso. Meu osso felizmente já estava cicatrizado. Minha axila estava quase em carne viva, por conta de o braço ficar em uma posição única e imóvel por tanto tempo. O primeiro banho de verdade após a retirada do gesso foi horrível... lembro-me até hoje daquela água fria correndo pelo meu tórax.    
Esqueci de mencionar um fato muito importante: Desde antes de eu nascer, que era considerada um menino. Naquela época morando onde meus pais moravam e também com as condições financeiras que eles tinham, não se fazia exames pré-natais, ultras sons... Essas coisas tão comuns nos dias de hoje. Então, a sabedoria popular falha diagnosticou que eu seria um menino.
Tudo meu era azul. Roupinhas azuis, manta, porta trecos. E pior, mesmo depois que nasci, minha tia vendo o cordão umbilical, disse que eu era homem. Como pode?
Como para todas as pessoas eu era homem mesmo antes de nascer, depois de nascer por muitas vezes me comportava como um menino. Sempre que possível, seguia meu pai nas roças e lidas da agricultura.
Apesar de por muitas vezes me comportar como menino, eu também me comportava como menina. Brincava de chibiu (é um jogo em que se joga pedrinhas para o ar e pegava com as mãos), de amarelinha, de esconde-esconde. Só não gostava mesmo era de brincar de bonecas. Mas talvez não gostasse por que eu não tinha bonecas pra brincar.
Minha infância foi muito família, sempre tive muito contato com meus pais, irmã, primos, tio e avós.
Enfim, me sentia muito feliz naquela jornada da minha vida e não tenho do que reclamar. Não de nada que eu me lembre enquanto morava no local onde nasci. Assim fica parecendo que o que conto era tudo perfeito. Mas tenho que dizer que não era. Passei por muitas dificuldades quando meus pais viviam juntos... mas no total, da somatória de minhas lembranças eu era bem feliz com o muito (ou pouco do) que eu tinha. La onde vivi eu me sentia livre! E era livre!!!
A vida que tive na minha primeira infância certamente é muito diferente da que a maioria das crianças tem hoje. Mesmo as que das que moram em sítios como eu morava. Sim, é verdade que eu não tinha contato com gente. Mas tinha muito contato com os bichos e com a natureza.
De acordo com a foto de satélite que está no primeiro post onde relato o evento do meu nascimento, nota-se que não tínhamos vizinhos próximos. Apesar dos pesares morávamos “próximos” dos meus avós e tios. Mas, o próximo que falo tinha-se que passar por uma pequena mata e atravessar um riacho (que passava muito tempo vazio). Como sempre fui muito ativa, não parava quieta nem um instante. Ás vezes, para ir à casa dos meus avós (ou voltar de lá) minha mãe usava de alguns de recursos meio assustadores pra mim naquela época. Como tínhamos que passar por uma “mata”, e lá lógico que tinham bichos e pássaros. Então, quando as avoantes (é uma pomba campestre) cantavam, minha mãe me assustava. Dizia que era um bicho e eu morria de medo.
Como se sabe que: um som, um gosto, um cheiro... a gente guarda pra sempre em nossa memória. Hoje onde moro tem ninhos dessas avoantes e quando elas cantam, tenho uma sensação ruim e sempre penso: meu Deus, como pode a alegria de uns pode ser a tristeza de outros?! Essa ave cantando feliz da vida e eu me sentindo mal pela sua felicidade. Mas o que posso fazer se é assim que me sinto??
...
Ah... e de acordo com o que se tinha de fato naquela época a níveis culinários, meu prato preferido era: angu com leite (mingau feito de massa de milho pré - cozida) e arroz de leite com leite. Comia até encher o buxinho, como dizia minha mãe. Mas não me livrava de beber um ovinho de galinha caipira cru com mel (o que eu achava uma delicia) e também raspa de rapadura com leite. Eu era forte e saudável comendo todas essa guloseimas. Nada das coisas industrializadas como se tem muito nos dias de hoje.
Quando eu era bem pequena, nascia em mim uns tumores por todo o corpo que me fazia sofrer muito. E como não tínhamos tantos recursos assim, eu não ia a médicos. Isso durou muito tempo. Um dia, mais uma vez a minha saudosa avó Letícia, me levou ao médico e este passou um medicamento pra eu tomar e esses tumores nunca mais apareceram.     
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Lembro-me dos primeiros momentos em que estava aprendendo a ler. Lia tudo o que tinha pela frente, era uma graça... e também queria que todo mundo soubesse o quanto eu era inteligente só porque com aquela idade, já sabia ler
Depois dos meus 7 anos, meus pais se separaram e tudo mudou... mas isso será historia pra ser contada em um outro post.


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